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terça-feira, 18 de julho de 2017

Açúcar é apontado como vilão pelo SEU COLESTEROL ALTO, não a GORDURA



Os artigos e revisões que citam a gordura como grande vilão das doenças coronárias, tem ganhado força, uma vez que citam que a maior culpa, seria do açúcar.

Um famoso estudo, denominado Estudo dos Sete Países, publicado pelo médico americano Ancel Keys em 1970, que afirma que as doenças cardíacas são causadas pela gordura, vem sendo questionado. Na pesquisa do médico, além de ter ignorado os países que consomem muita gordura, mas pouco açúcar, como na França, e tem taxas baixas de doenças coronárias, o artigo também diz que "a taxa de doenças coronárias é correlatada à média de calorias derivadas da sacarose (o açúcar comum) na dieta explicada pelo interrelação da sacarose com a gordura saturada". Ou seja, o médico não separou os resultados da gordura e do açúcar, apenas considerou os dois juntos.

As acusações não param por ai...
Um dos maiores acusadores do açúcar, o endocrinopediatra e pesquisador Robert Lustig, da Universidade da Califórnia, defende que o açúcar é o responsável pelo aparecimento de doenças cardiovasculares, gordura no fígado, diabetes tipo 2 e cárie. Ele publicou neste ainda, na revista Obesity, da Sociedade Americana de Obesidade, o resultado de um estudo com crianças obesas nos Estados Unidos por nove dias, onde se foi trocado o açúcar, por carboidratos na dieta deles sem alterar qualquer quantidade, resultando em: Redução de 10 pontos no colesterol LDL, implicando em doenças do coração, além de reduzir os triglicérides (gordura armazenada no corpo) em 33 pontos e a pressão arterial em 5 pontos. Mesmo sem alteração significativa do peso, o metabolismo melhorou consideravelmente. Para Lustig, a obesidade não é a causa, mas um dos sintomas dos problemas causados no corpo pelo açúcar.

"O conceito de que você precisa de açúcar para viver é propaganda que a indústria do açúcar usou para as pessoas não acharem que poderia ser perigoso consumi-lo. O açúcar não é perigoso por causa das suas calorias, mas porque a bioquímica da molécula é perigosa"

Lustig argumenta que as orientações para reduzir o consumo de gordura saturada que vigoraram por 50 anos provocaram o aumento no açúcar adicionado à grande parte dos produtos industrializados: pães, ketchup, e principalmente refrigerantes e sucos. As orientações também fizeram médicos recomendarem a troca de manteiga por margarina e banha por óleos vegetais, entre outros. E o colesterol ruim não diminuiu. 

Neste mesmo ano, um grupo nos EUA avaliou todos os dados que haviam sido deixados de fora de um dos estudos mais complexos e que dava suporte à hipótese de que a dieta rica em gorduras aumenta o risco de doenças coronárias: "Quando você analisa a sequência histórica da hipótese da dieta-coração dos anos 1950 até agora, parece claro que a publicação incompleta de estudos importantes gerou um viés na pesquisa e na política de nutrição", diz Daisy Zamora, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte que participou da pesquisa.


Veneno para o fígado e coração


Lustig descreve o açúcar como "veneno" por ser metabolizado da mesma forma que o álcool e produzir também colesterol nesse processo. A digestão do açúcar leva à formação de uma substância chamada acetilcoenzima A, que forma o triglicérides e acaba se transformando em uma lipoproteína chamada VLDL, que, quando quebrada no fígado, produz colesterol LDL pequeno e denso. Há consenso de que este LDL alto está associado a doenças do coração, já que ele forma placas nas artérias. 

Já quando a gente come gordura, eleva o nível de colesterol LDL grande e leve, que é mais inofensivo. "Na corrente sanguínea, você mede os dois juntos, pois é muito difícil distinguir um LDL do outro", diz Lustig. "O que você faz é olhar o nível do triglicérides em associação ao LDL, pois os triglicérides dizem de qual deles se trata". Os triglicérides estão associados ao colesterol baixo e denso alto, que significa risco ao coração.

"A gordura alimentar não aumenta o colesterol pequeno e denso, mas o açúcar sim. Os carboidratos também aumentam, mas especialmente o açúcar". - Lustig

O médico cita uma pesquisa que mostrou que o mesmo número de calorias de glicose e frutose (as duas juntas formam a sacarose) se transformam em coisas diferentes. No caso da glicose, quase nada virou gordura. Mas, das calorias de frutose, 30% se transformam em gordura. Parte desta gordura não consegue sair do fígado e causa esteatose hepática não alcoólica, ou gordura no fígado.

Essas reações ocorrem independentemente de o açúcar ter passado por menos processos químicos, ou seja, aumenta com ingestão de açúcar refinado, cristal, demerara, mascavo e até mel. A diferença entre os açúcares é, por quanto mais processos de refinamento passar o açúcar, menos minerais ele vai conter, explica Gabriela Rebello, nutricionista clínica do hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES). Entre os adoçantes, ainda não há estudos que comprovam a relação, mas ambos recomendam cuidado. A única fonte de frutose recomendada por Lustig é a das frutas, pois elas vêm com fibras e em quantidade que somos capazes de metabolizar.

A gordura como vilã


A frutose e o xarope de milho são açúcares presentes em vários alimentos naturais e industrializados.
No entanto, existem os defensores que apostam na hipótese de que é a gordura saturada, presente em laticínios e carne vermelha, que aumenta o LDL. Marcelo Bertolami, diretor da divisão científica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia cita estudos como o de Ancel Keysm alvo da controvérsia atual, outro da década de 1970 chamado Nihonsan, que estudou homens japoneses no Japão, Havaí e na Califórnia, e concluiu que o ambiente e os níveis de colesterol prevalecem sobre a genética como fator de risco para doenças cardíacas.

Ele concorda que o consumo de açúcar está relacionado ao colesterol pequeno e denso. Porém, discorda que haja uma relação causal direta por ser difícil mensurar e separar os dois tipos de LDL. "Quando mais triglicérides você têm, você tem uma tendência a ter LDL pequeno e tenso, mas não concordo que o açúcar causa diretamente doença cardíaca", afirma.

Todos os entrevistados concordam que a gordura trans é péssima para o organismo, pois não é metabolizada. "A gordura trans é pior do que o açúcar. O açúcar pode pelo menos ser oxidado e usado para energia. Nós não temos enzima para metabolizar a gordura trans, o corpo não tem outra escolha senão armazenar no fígado, o que causa doença hepática", diz Lustg. No Brasil, a gordura trans é permitida em porções muito pequenas, como em bolachas industrializadas.

A OMS recomenda que o consumo de açúcar não ultrapasse 10% das calorias consumidas por dia, o que equivale a, aproximadamente, 50 gramas/dia. O brasileiro consome média 16,3% de açúcar do total de calorias. A nutricionista lembra que um pão francês já tem 25g de açúcar.

 

Fonte: UOL Ciência e Saúde
Imagens: Internet